Virgínias
Virginia Woolf está em Virgínias, a mais recente produção do Teatro de Frente, com Anneli Olijum e Andréa Azevedo, que também assina a direção.
Teatro de Frente é um grupo de pesquisa que investiga a obra de grandes autores para a adaptação cênica, levando a platéia a se aproximar da literatura e da cena. O grupo trabalha com a
linha do Teatro Antropológico de Eugênio Barba, onde o ator é responsável e criador individual de seu trabalho. A direção organiza a intenção da cena, mas é do ator o trabalho mais exaustivo.
Depois de ler a biografia de Virginia Woolf, a diretora Andréa Azevedo se sentiu atormentada por uma questão: O que a fez desistir? Talvez, para respondê-la, Andréa teve de construir o
espetáculo.
A estrutura da peça não é linear (não poderia ser diferente). É resultado de leituras e do treinamento que lida com a própria psicologia do ator, individual e coletivamente, tentando
responder: Por que isso é importante para mim? O que eu quero dizer com isso?
Quando foram para o palco, as atrizes propuseram o que a escritora havia dito a elas, mas "a essa hora todas já estavam contaminadas pela loucura de Virginia" –
confessa Andréa. O trabalho da diretora foi revelar e clarear aquilo que no trabalho do ator estava realmente representando a criação na literatura de Virginia Woolf. Andrea Azevedo e Anneli Olijum em Virgínias
Mas o que fez Virginia desistir? "Ela não encontrou lugar", Andréa diz
, "não conseguiu encontrar um lugar para a mulher e a artista ao mesmo tempo, ao mesmo nível".
Essa pode ser a resposta que Andréa encontrou, mas a peça não tenta achar respostas. As Virginias são inspiradas pela busca que a
escritora perseguiu em sua literatura: a tentativa de concentrar tudo. As atrizes buscam essa concentração na narração, na dança, no teatro, no realismo, no expressionismo e na pluralidade.
Não há virgulas no drama de diversas faces de Virgínia. A mulher que lentamente desistiu, a literatura que nunca cessa, ambas estão ligadas à vida em todas as suas esquinas.
A festa dos livros
A XII Bienal Internacional do Livro no Rio de Janeiro provou ser mais do que livros. É um grande evento. Duas semanas (de 12 a 22 de
maio de 2005) de encontros com escritores brasileiros e estrangeiros, livros e eventos infantis, jogos RPG, conferências literárias, teatro, e até venda de livros.
Essa edição da Bienal foi um grande acontecimento: 230 escritores brasileiros, 24 internacionais -- incluindo Tom Wolfe, que esteve na
palestra de abertura, e 16 autores franceses, em homenagem a França, o país homenageado nessa XII edição.
A Bienal tem sido, há vinte anos, um negócio de sucesso e de parcerias culturais. Começou em 1983, nos salões de conferência do
Hotel Copacabana Palace. Dois anos depois, passou para o São Conrado Fashion Mall, até se transferir para o Rio Centro. A Bienal de 2005 ocupa 55 mil metros quadrados divididos em três pavilhões
coloridos.
Chico Caruso e João Ubaldo Ribeiro Contação de histórias para crianças
Quase todo segmento da sociedade estava lá: não só estudantes universitários, professores, intelectuais, mas donas de casa, adolescentes, mães com crianças, programa de família no fim de semana.
Isso foi realmente espetacular porque o Brasil não é um país com uma tradição de leitura. Não importa quais eram os interesses de
leitura daquelas pessoas, o mais importante é a prática da leitura próxima do cotidiano. Isso pode ser um ponto inicial para uma sociedade melhor educada e consciente, somente um ponto inicial.
A Bienal do livro é uma festa. E como toda festa, acaba e tudo volta ao normal no dia seguinte. Na realidade, livro ainda é artigo de luxo,
uma grande parcela da população não possui condições financeiras para comprá-lo. Nem toda criança brasileira freqüenta escola com biblioteca ou tem chance de participar de programas educacionais de
leitura. Porém, quando se vai à Bienal parece que se vive em outro país. No Brasil, livros não estão em todo lugar para todos.
Parabéns para a Bienal Internacional do Livro e desejamos que, algum dia, a festa do livro nunca termine.
Virgínias
Direção e roteiro: Andréa Azevedo Elenco: Andréa Azevedo e Anneli Olljum Produção: Teatro de Frente 15 a 31 julho, 2005 Quinta a Sábado - 21h Domingos - 20h
Teatro Sérgio Porto – Rio de Janeiro Rua Humaitá 163 – tel: 2266- 0896 Email: teatrodefrente@yahoo.com.br
XII Bienal do Livro do Rio de Janeiro – 2005 www.bienaldolivro.com.br
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